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O CARNAVAL É FESTA EM TODA (A) PARTE

 








RTP Notícias

Lusofonia festeja o entrudo nas ruas (...)

por Lusa

Redação, 09 fev (Lusa) -- Timor é a exceção na celebração do carnaval nos países lusófonos, não havendo qualquer festejo programado, quando países como Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique vivem alguns dias de folia.

Luanda vai ser o palco central dos festejos do Entrudo em Angola, com a remoçada marginal da capital, inaugurada em agosto de 2012, a receber, hoje, no domingo e na terça-feira, o desfile de 39 grupos, apoiados pelo Governo Provincial, que aposta na recuperação de uma tradição que até meados dos anos 1990 se designava Carnaval da Vitória (assinalando, em 1978, a vitória sobre os mercenários sul-africanos).

Em 2002, depois das hostilidades resultantes da guerra civil que dilacerou o país na maior parte dos 38 anos de independência, o carnaval voltou a ter tema livre, predominando nos desfiles as cores amarela, vermelha e preta, da bandeira nacional. Alguns grupos recorrem a carros alegóricos para, ao som do semba, o ritmo preferido, se recuperar a memória das danças populares cazucuta, dizanda, cabetula, varina e cidrália.

Na Guiné-Bissau o carnaval é das principais festas do país, prolongando-se por mais de uma semana e culminando com um grande desfile em Bissau, sem roupas ou carros alegóricos exuberantes mas com cada região a mostrar a sua cultura e socorrendo-se de lama e papel para fazer máscaras e adereços.

Essencialmente étnico e cultural, o carnaval junta em Bissau milhares de pessoas, quer para ver as danças que representam as tradições locais quer para conviver nas barracas de "comes e bebes" montadas um pouco por toda a cidade (este ano mais de 500).

(...) o carnaval continua a ser, na Guiné-Bissau, a maior festa cultural do país.

Em Cabo Verde, o carnaval mais concorrido é o que se celebra na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde a ocupação hoteleira está quase em 100 por cento e dezenas de grupos irão desfilar pela Avenida de Lisboa, palco tradicional das comemorações carnavalescas.

O aeroporto internacional de São Vicente recebeu, por estes dias, diversos voos "charter" provenientes de várias partes da diáspora, como de Boston (Estados Unidos), França e Portugal, com turistas que chegam para ver a festa, mas também, no caso dos emigrantes, para desfilar nos grupos locais.

Com poucas tradições em Maputo, o carnaval em Moçambique tem a sua maior expressão na cidade de Quelimane, no centro do país, para onde estão previstos os principais festejos da quadra.

O "maior carnaval de Moçambique" arrancou na capital da Zambézia no dia 02 de fevereiro e dura até domingo, enquanto a capital moçambicana assistiu, na sexta-feira, a um "sapódromo" (corso promovido pela empresa Sapo Moçambique, que percorreu as ruas da cidade ao som dos cantores Robson, Dama do Bling e Lilocas).

https://www.conexaolusofona.org/carnaval/

https://www.plataformamedia.com/2015/02/16/dias-de-folia-na-lusofonia/

https://pt.slideshare.net/enlfelixmuriel/timor-leste-portugus

Galiza e Trás-os-Montes partilham Entrudo milenar único


Begoña Íñiguez

Desde que tenho uso da razão que me lembro de a minha mãe insistir na importância do Carnaval galego (entroido) e das suas milenares tradições gastronómicas e socioculturais pré-romanas que se mantiveram até aos nossos dias no Noroeste peninsular. Aos galaicos (Gallaeci) da Galiza e aos Brácaros (Bracari) do Norte de Portugal devemos o Carnaval, Entroido ou Entrudo, mais antigo e genuíno dos que se celebram atualmente em Espanha e em Portugal, que nem os romanos nem a posterior cristianização conseguiram fazer desaparecer.

No caso da Galiza, os quarenta anos que durou a ditadura do general Franco, na qual se proibiram os carnavais em todo o território espanhol, não foram impedimento para que o Entroido se continuasse a celebrar com a mesma paixão, se bem que com mais discrição, sobretudo na província de Ourense, nos municípios de Verín, muito perto de Chaves, Laza, Xinzo de Limia, Vilariño de Conso, Maceda e Viana do Bolo. Os cigarróns de Verín, homens mascarados e vestidos com trajes coloridos, os peliqueiros de Laza, as pantallas de Xinzo e os boteiros de Viana do Bolo, são apenas alguns exemplos das máscaras com as quais os rapazes da região saem para as ruas das suas terras para desfilar perante as raparigas e realizar os seus rituais, em alguns casos durante cinco semanas, como acontece em Xinzo de Limia e Viana do Bolo, desde o domingo Fareleiro até ao domingo de Pinhata, com o qual o município de Ourense dará por terminado o seu peculiar Carnaval no próximo dia 5 de março. Coincidindo em algumas coisas, os oito Entroidos galegos, considerados de interesse turístico nacional, mantêm e difundem os rituais milenares aprendidos dos seus antepassados e transmitidos de geração em geração.

Paralelamente, do outro lado da fronteira, em Trás-os-Montes, o Entrudo também sobreviveu às influências externas, e celebra-se hoje com todo o seu esplendor, em alguns casos desde janeiro, de uma maneira muito parecida com a dos seus vizinhos galegos ou de Zamora até à Quarta-Feira de Cinzas. Em várias aldeias dos municípios de Vinhais, Bragança, Macedo de Cavaleiros (sobretudo em Podence) e Vimioso e no Alto Douro em Lazarim e em Lamego, os seus rapazes voltaram a vestir-se neste Carnaval de 2017 de caretos, com as máscaras e roupas coloridas com as quais os seus pais e antepassados percorriam com os seus característicos ruídos as ruas das suas povoações.

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